“ (...)
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem - o hoje - o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade”

Conceição Evaristo,
Cadernos Negros, 1990.

Por Mariana Tokarnia - Agência Brasil

Mulheres negras de todo o país se reúnem nesta quarta-feira (18), em Brasília, na 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. A expectativa da organização é que elas sejam mais de 15 mil em luta contra o racismo, a violência e as más condições de vida enfrentadas por essa população.

“Nos últimos anos, tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”.
Valdecir Nascimento – Coordenadora executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara) e Coordenadora do núcleo impulsor da Marcha.


Dados do último Censo, de 2010, indicam que as mulheres negras são 25,5% da população brasileira (48,6 milhões de pessoas). Isso não assegura, entretanto, que elas tenham mais direitos garantidos. Entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos.

De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo o estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

Leia mais sobre: mapa da Violência

Fonte: http://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015_mulheres.php

“A Marcha quer falar de como um país rico como o Brasil não assegura o nosso direito à vida. Queremos um novo pacto civilizatório para o país. O pacto atual é falido e exclui metade da população composta por mulheres e homens negros”
Valdecir Nascimento

A concentração da 1ª Marcha das Mulheres Negras será no Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital. Uma caminhada em direção à Praça dos Três Poderes terá início às 9h.

Devem se juntar às brasileiras a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice presidenta da África do Sul, e a ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos, Angela Davis. Também é esperada a participação de Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, autora, feminista e ativista social norte-americana.



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Reportagem: Mariana Tokarnia, Daniel Mello, Fernanda Duarte, Luanda Lima e Marilia Arrigoni
Imagens: Marcello Casal Jr. e Rovena Rosa
Programação Visual: Marcelo Nogueira
Edição e Videografismo: Ricardo Feliz
Edição de texto: Lílian Beraldo e Amanda Cieglinski