Cinco de março é o Dia Nacional da Música Clássica. É também dia de celebrar aquele que fez de sua obra o espelho de muitos Brasis: Heitor Villa-Lobos, nascido nesta data. Confira na galeria imagens raras do maestro, escute a Rádio Villa, com músicas do compositor gravadas pelo Selo Rádio MEC e acesse raro material do acervo da EBC para homenagear o músico.
Desde muito cedo, a musicalidade brasileira inspirou Villa-Lobos. Em sua busca por uma sonoridade nacional, percorreu capitais e o interior de muitos estados para compor sonatas, trios e peças. Logo sua obra despertou a fúria de parte da crítica, que o considerava um "destruidor de tradições". Ao mesmo tempo, conquistava a admiração de artistas como aqueles que o convidaram para a Semana de Arte Moderna de 1922. Villa se tornou um maestro de reconhecimento mundial, dirigindo mais de 80 orquestras em 24 países. Em áudios que fazem parte do acervo da Rádio MEC FM, conheça em três tempos o ciclo brasileiro do maestro.
Tuhu era o carinhoso apelido dado pelo pai, que morreu quando Villa-Lobos tinha apenas 12 anos. Na mesma época, começa a nascer o músico: Villa passa a tocar violoncelo profissional. Mais tarde, com recursos da venda da biblioteca do pai foi conhecer o Brasil, seus cantadores, violeiros e folclores. Confira o trajeto e as descobertas do futuro maestro.
O ano era 1912, Villa-Lobos tinha apenas 25 anos. Sua mãe acreditava que ele já estava morto, pois havia três, não dava notícia. Chegava ao fim sua imensa pesquisa pelo Brasil e tinha início uma extensa carreira. Com a bagagem, Villa escreveu peças como “Danças características africanas” e “Uirapuru”. Em 1916, já tinha gravados mais de 100 títulos musicais.
Getúlio Vargas toma o poder em 1930, implantando o Estado Novo. No novo regime, Villa passa a dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística. Promove concentrações orfeônicas em estádios com até 40 mil estudantes e cria o Ciclo das Bachianas Brasileiras. Em 1948 descobre um câncer e vive por mais uma década. Saiba como foram os últimos anos do artista.
O ano era 1957, os últimos da vida de Villa, morto em 1959. O local é Bear Mountain, no Harriman State Park, estado de Nova York, Estados Unidos. Cenário de uma apresentação de Heitor Villa-Lobos, num festival que acontecia por lá. Desde o primeira edição do evento, em 55, ele tinha lugar cativo para reger orquestras, mas aquela era a primeira ocasião em que Villa-Lobos executaria um repertório todo seu. Antes da apresentação, o maestro concede entrevista ao repórter José Roberto Dias Leme, um dos fundadores do “Voz da América”, programa pioneiro do serviço americano de rádio em língua portuguesa (criado em 1941 e extinto em 1981).
Villa-Lobos comenta assuntos da época, saúda o povo brasileiro, declara amor à terra natal – o Rio de Janeiro – e conversa com o jornalista enquanto, ao fundo, a orquestra ensaia a apresentação de logo mais. No áudio que hoje faz parte do acervo da Rádio MEC FM, Villa desmistifica o processo de criação. “Esse negócio de vir inspiração não existe em mim. Eu nasci inspirado já. Ou faço uma boa coisa, ou faço uma porcaria. Mas esse negócio de eu procurar inspiração, deixar crescer cabeleira pra ter inspiração, beber, isso não existe em mim. Eu escrevo quando é preciso”.
"Em conservatórios e universidades do exterior, música brasileira é Villa-Lobos. É como Pelé no futebol”
- Eduardo Lakschevitz (UniRio)
“Não posso deixar de relembrar certa estranheza que senti ao ouvir as cores que se fazem presentes em sua obra”
- Ariane Petri (Orquestra Petrobras Sinfônica)
"Villa filtra a sonoridade que ouvia em todo o país e cria uma linguagem acessível a todos"
- Gustavo Menezes (Orquestra Petrobras Sinfônica)
"Encontro os estrangeiros conhecendo, sobretudo, Villa-Lobos, quando a gente fala de música brasileira”
- Sergio Roberto de Oliveira (músico e compositor)
"Ele idealizou o que a gente entende hoje no Brasil como a educação musical nas escolas"
- Sergio Barrenechea (Instituto Villa-Lobos/Unirio)
“Talvez, no século 20, ele tenha sido um dos compositores que mais escreveu para o violoncelo”
- Hugo Pilger (violoncelista)
"Um homem que nasceu fazendo música como nascem as plantas, como nascem as árvores"
"É um elemento que garante e que dá a nossa identidade enquanto nação"
"Foi meu mestre e mestre de todos os compositores que sucederam a ele"
"Villa sempre teve lugar privilegiado no meu violão"
Com apresentação de José Schiller, programa “A Grande música”, produção da TV Brasil, celebra a obra de Heitor Villa-Lobos com interpretações de Antônio Menezes, Elione Medeiros e a Orquestra Petrobras Sinfônica regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky. Aproveite.
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“As artes devem servir ao povo na rua, não à elite”
Depois de mergulhar na vida e obra de Heitor Villa-Lobos, que tal fazer um grande passeio pela sonoridade do maestro? Ouça aqui gravações do Selo Rádio MEC e programas especiais sobre Villa que estão no acervo da Rádio MEC FM. Aproveite!