25 de agosto
Renúncia de Jânio Quadros
Após oito meses de governo, Jânio Quadros envia mensagem ao Congresso Nacional renunciando ao cargo.
Assista ao vídeo e ouça o áudio da renúncia de Jânio.
7 de setembro
Posse de João Goulart
Em agosto de 1961, com a renúncia do então presidente Jânio Quadros, o vice João Belchior Marques Goulart - chamado desde criança de Jango - enfrenta forte oposição a seu nome, só conseguindo assumir a Presidência da República depois da aprovação de emenda constitucional que institui o parlamentarismo, restringindo os poderes do presidente.
Assista ao vídeo e veja foto das tropas do Movimento da Legalidade, que garantiu a posse de Jango, e ouça os áudios da posse de Jango.
31 de dezembro
Jango apresenta um plano econômico de governo
O Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social foi elaborado em 1962 por um grupo comandado pelo economista Celso Furtado, ministro extraordinário do Planejamento.
Entre os objetivos estava o combate à inflação e o controle do déficit público.
Assista ao vídeo que explica o plano:
12 de setembro
Revolta dos sargentos
Na madrugada do dia 12 de setembro de 1963, 600 suboficiais da Marinha e da Aeronáutica tomaram prédios em Brasília: o Departamento Federal de Segurança Pública; o Ministério da Marinha; a Rádio Nacional e o Departamento de Telefones Urbanos e Interurbanos.
O motivo foi a decisão do STF que confirmou que cabos, sargentos e suboficiais não poderiam ser eleitos. E que os que já haviam sido eleitos não poderiam assumir seus cargos.
Assista ao vídeo que explica o movimento:
13 de março
Comício da Central do Brasil
Comício popular realizado no Rio de Janeiro para pressionar o Congresso para a aprovação do projeto de reformas de base, propostas pelo governo de João Goulart.
Organizado pelo Comando Geral dos Trabalhadores, o evento contou com a participação de cerca de 150 mil pessoas e foi considerado um dos principais estopins para o golpe que estava por vir.
Durante o evento Jango assina dois decretos: um desapropriava as terras ociosas das margens das rodovias e açudes federais e o outro encampava as refinarias particulares de petróleos.
Assista o vídeo e ouça os áudios:
15 de março
Mensagem ao Congresso
Jango envia uma Mensagem ao Congresso. Redigida por Darcy Ribeiro, o texto tinha o objetivo de implementar as reformas com propostas de plebiscito, delegação de poderes e revisão no capítulo das elegibilidades.
Leia a mensagem de João Goulart (em PDF).
Abaixo, foto da entrega da mensagem.
19 de março
Marcha da Família com Deus pela Liberdade
Em São Paulo, como resposta ao Comício da Central do Brasil, uma manifestação organizada por uma freira anônima teve a participação de mais de 500 mil pessoas. Os discursos contra Goulart foram a tônica do comício que seguiu o ato, com fala do presidente do Senado, Auro Moura Andrade e de alguns deputados como Plínio Salgado.
Assista trecho do documentário "Jango", com cenas da Marcha.
20 de março
Castello Branco distribui circular aos oficiais
O general Castello Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, expediu circular reservada aos oficiais de Estado-maior alertando para “as ameaças contidas” nas medidas anunciadas no comício do dia 13.
“Os meios militares nacionais e permanentes não são propriamente para defender os programas de governo, muito menos a sua propaganda, mas para garantir os programas constitucionais, seu funcionamento e a aplicação da lei”.
Nos EUA, o presidente Lyndon Johnson autoriza a formação de uma força naval para intervir na crise brasileira, caso necessário.
24 de março
Prisão de dirigentes que promoveram o aniversário
da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros
Navais do Brasil
O ministro da Marinha, Sílvio Mota, ordenou neste dia a prisão de 12 dirigentes da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, por terem participado de reuniões no Sindicato dos Bancários para organizar o segundo aniversário de fundação da Associação, considerada ilegal.
25 de março
Revolta dos Marinheiros
Cerca de 2 mil marinheiros e fuzileiros navais compareceram à sede do sindicato e exigiram o reconhecimento oficial da entidade, a melhoria das condições de vida e alimentação digna nos navios.
O ministro da Marinha enviou uma tropa de fuzileiros navais apoiados por tanques para invadir o prédio e retirar os marinheiros.
O contra-almirante Cândido Aragão renunciou ao comando e parte da tropa negou-se a atacar os colegas, aderindo à revolta.
A ordem de João Goulart para que o sindicato não fosse invadido ocasionou a renúncia do ministro Sílvio Mota. Em seu lugar Jango nomeou Paulo Mário da Cunha Rodrigues, ligado ao PCB, o que irritou os militares.
28 de março
Saída dos marinheiros do prédio do sindicato
Oficiais do gabinete militar da presidência conseguiram um acordo com os marinheiros, que abandonaram o prédio e foram presos no quartel do Exército em São Critóvão.
João Goulart concedeu anistia aos revoltosos que saíram em passeata pelas ruas do Rio de Janeiro. Exército, Marinha e Aeronáutica se sentiram injuriados pelo presidente da República.
30 de março
Jango discursa na festa da posse da nova diretoria da Associação dos Sargentos, no Automóvel Clube
O deputado Tancredo Neves, líder do governo na Câmara e o ministro da Justiça, Abelardo Jurema, tentavam convencer Jango a não ir à reunião na sede do Automóvel Clube.
Tancredo diz:
“Deus faça que eu esteja enganado mas creio ser esse o passo do presidente que irá provocar o inevitável, a motivação final para a luta armada”.
Pouco depois das 22h Jango chega ao Automóvel Clube.
“O meu apelo é para que os sargentos brasileiros continuem cada vez mais disciplinados, naquela disciplina consciente, fundada no respeito recíproco entre comandantes e comandados. Que respeitem a hierarquia legal, que se mantenham cada vez mais coesos dentro de suas unidades e fiéis aos princípios básicos da disciplina”.
30 de março
22h58
Um telegrama enviado do consulado americano aos EUA informava:
“Duas fontes ativas do movimento contra Goulart dizem que o golpe contra o governo do Brasil deverá vir nas próximas 48 horas”.
O Departamento de Estado norte-americano determinara a todos os consulados do Brasil que informassem diretamente a Washington “qualquer desenvolvimento significativo envolvendo resistência militar ou política a Goulart”.
30 de março
23h35
Jango já retornara aos palácio das Laranjeiras. O presidente dos EUA Lyndon Johnson recebe em seu rancho, no Texas, um telefonema de Dean Rusk:
“A coisa pode estourar a qualquer momento (...) Pedi ao Bob McNamara (Robert McNamara, secretário de Defesa dos EUA) que apronte alguns navios-tanques para suprimentos (...) Esta é uma oportunidade que pode não vir a se repetir. Acho que é possível que esse assunto brasileiro exploda de hoje para amanhã e vou estar em contato com o senhor sobre isso, para que o senhor possa se planejar”.
30 de março
Jango já retornara ao palácio das Laranjeiras. O general Carlos Luís Guedes escolheu iniciar o levante no dia 30, porque era noite de lua cheia e ele não queria desencadear a revolta num quarto minguante.
“Porque dia 30 é o último dia de lua cheia, e eu não tomo nenhuma iniciativa na lua minguante; se não sairmos sob a lua cheia, irei esperar a lua nova e então será muito tarde”.
No período da tarde determinou que soldados fechassem o trânsito perto de seu quartel-general, prendeu adversários políticos e organizou uma tropa chamada Força Revolucionária.
31 de março
02h30 - Tropas do IV Exército partem de Juiz de Fora (MG)
Superior hierárquico de Guedes, o general Mourão decide entrar em ação e escreve em seu diário:
“Acendi o cachimbo e pensei: não estou sentindo nada e, no entanto, dentro de poucas horas deflagrarei um movimento que poderá ser vencido, porque sai de madrugada e terá que parar no meio do caminho”
31 de março
05h
Mourão em seu diário: “Eu estava de pijama e roupão de seda vermelho. Posso dizer com orgulho de originalidade: creio ter sido o único homem no mundo (pelo menos no Brasil) que desencadeou uma revolução de pijama”.
Mourão telefonou para o deputado Armando Falcão para informar sobre o movimento das tropas, que por sua vez telefona para Castello Branco e avisa que as tropas já estavam na estrada União-Indústria, ligação entre Juiz de Fora e Petrópolis.
Castello ligou para o irmão do comandante do II Exército e pediu para avisar o general Amaury Kruel, sem ele a movimentação “não passaria de uma aventura”. O recado chegou ao quartel-general do II Exército em São Paulo, mas Kruel se mantinha fiel a Goulart.
31 de março
07h
No Rio de Janeiro, o general Antonio Carlos Muricy recebe a senha de Mourão para se dirigir a Juiz de Fora “começou a brincadeira”.
Avisado sobre a situação, Castello Branco determinou que o general Antônio Carlos Muricy, em seu próprio automóvel, fosse ao encontro de Mourão e assumisse o comando das tropas.
Muricy rumou para Minas no seu Rural Willys, enquanto Castello Branco ao telefone tentava conter a marcha dos mineiros.
Castello liga para o general Guedes:
O que está havendo por aí em Minas? O Muricy me comunicou que foi chamado pelo Mourão, e eu lhe disse que fosse para prevenir qualquer bobagem que aquele pretendesse fazer.
Não vai haver. Houve. Desde as seis horas da manhã as nossas tropas se deslocam em várias direções. Deflagramos a revolução.
Castello Branco foi para o Ministério da Guerra e comunicou-se com o general Guedes, alegando que “não foi possível fazer nenhuma articulação” no Rio de Janeiro.
“A solução é vocês voltarem porque senão vão ser massacrados”.
Depois, conversou com Magalhães Pinto:
"Se não voltarem agora, voltarão derrotados”
31 de março
13h
O contra-almirante John Chew, vice-diretor de operações navais dos EUA, ordenava ao comandante em chefe da Esquadra do Atlântico o deslocamento de um porta-aviões à frente de uma força-tarefa para a “área oceânica na vizinhanças de Santos, Brasil”
31 de março
Em iniciativa individual, o comandante da Base Aérea de Santa Cruz coronel-aviador Rui Moreira Lima, por conta própria, decolou em um jato de caça.
Os vôos rasantes assustaram a tropa de Mourão. Sem ordens para atirar, retornou para a Base Aérea.
31 de março
16h
Jango convocou o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, o general Peri Bevilacqua ao Palácio.
Bevilacqua apresentou a Jango um documento que expressava a opinião dos chefes dos Estados-Maiores do Exército e da Aeronáutica.
O general garantiu que ainda era possível reestabelecer a confiança entre o Presidente da República e as Forças Armadas: uma declaração formal de se opor à deflagração de greves políticas, anunciadas pelo CGT
31 de março
No final da tarde, Juscelino Kubitschek divulgou uma nota afirmando que “a legalidade está onde estão a disciplina e a hierarquia”. Depois, foi conversar com o presidente no Palácio das Laranjeiras. Para evitar o golpe propôs a Jango uma solução política: nomear um novo ministério, de caráter conservador, punir os marinheiros e lançar um manifesto de repúdio ao comunismo.
Jango:
Esse movimento que explodiu em Minas será debelado prontamente, esse manifesto do Mourão, será destruído pelas tropas fiéis ao governo. Amanhã tudo isso estará terminado.
JK:
"Você me chamou e eu não sei para quê. Mas eu sei o que eu faria na sua situação. Você tem que fazer dois manifestos. Um tranquilizando a nação em relação ao problema do comunismo. O outro, às Forças Armadas em que você avoca para si o problema da Marinha e resolve tudo no respeito aos regulamentos e à hierarquia”.
Jango:
"Eu não posso fazer isso. Se fizer isso dou uma demonstração de medo e um homem que tem medo não pode governar o país”.
31 de março
Goulart telefona para o presidente do CGT Clodsmidt Riani e pede aos sindicalistas que evitem a decretação de greves.
“Presidente, o senhor vai me desculpar, mas o que pode manter um governo agora é só o povo na rua. Nós vamos decretar a greve e está decidido.
31 de março
Jango distribui aos repórteres um texto intitulado “Comunicado do Presidente da República”.
A nota informava que o ministério da Guerra já havia enviado tropas do I Exército para acabar com a rebelião.
O general Jair Dantas Ribeiro, que estava no Hospital se recuperando de uma cirurgia, reassume o ministério da Guerra.
Faz contatos com o comandante do I Exército, general Armando de Moraes Âncora. A seguir, distribuiu uma nota aos comendantes dos quatro Exércitos declarando que a ordem seria reestabelecida a qualquer preço.
Um avião T6 da FAB jogou dois tipos de panfletos sobre Juiz de Fora
31 de março
22h
Kruel pediu ao presidente que rompesse com a esquerda. Queria a demissão de Abelardo Jurema do ministério da Justiça e de Darcy Ribeiro da chefia do gabinete Civil e colocasse o CGT na ilegalidade.
Jango:
"General, eu não abandono os meus amigos. Se essas são as suas condições, eu não as examino. Prefiro ficar com as minhas origens. O senhor que fique com as suas convicções. Ponha as tropas na rua e traia abertamente”.
31 de março
22h
1º Regimento de Infantaria, o Regimento Sampaio, comandado pelo coronel Raymundo Ferreira de Souza.
A tropa aproximava-se do que poderiam ser as linhas de combate. Ao chegar em Três Rios, seu comandante, coronel Raymundo Ferreira de Souza, recebeu um telefonema do marechal Odílio Denys, de quem fora assistente, e mudou de lado:
“Eu e toda minha tropa nos solidarizamos com o movimento revolucionário”
Mourão estava em Três Rios. Denys deslocou-se para o Vale do Paraíba onde manteve contatos para obter a adesão das tropas legalistas
31 de março
Novo contato telefônico entre Goulart e Kruel. O Comandante do II Exército fez um novo apelo para que Jango se afastasse dos comunistas
Presidente, o senhor é capaz de comprometer-se de que vai se desligar dos comunistas e decretar medidas concretas a esse respeito?
General, sou um homem político. Tenho compromissos com os partidos e não posso abandoná-los ante a pressão dos militares. Não posso deixar de lado as forças militares que me apoiam
Então, presidente, nada podemos fazer. E isto é a opinião dos generais aqui presentes
Porque o general não vem ao Rio, conferenciar comigo e com os demais comandantes do Exército? Creio que arranjaremos as coisas
Não posso atender, presidente. Tenho compromissos com a linha de conduta que tracei pra mim desde quando ministro da Guerra, contra o comunismo e em defesa do Exército e não posso traí-la
Kruel ordena o deslocamento das tropas do II Exército e da Força Pública do Estado de S. Paulo para o Vale do Paraíba no caminho para a Guanabara
31 de março
O governador Ildo Meneghetti, refugiado em uma cidade do interior, ordenou, com sucesso, que a Brigada Militar apoiasse a revolta.
No comando do IV Exército, o general Justino Alves Bastos, tomou posição ao lado dos golpistas e ordenou a prisão do governador de Pernambuco Miguel Arraes.
No Porto de Recife, o início de uma greve foi reprimida pela Marinha. Gregório Bezerra incentivou uma revolta camponesa no sul do Estado. Preso, foi arrastado pelas ruas de Recife em um carro do exército.
1º de abril
Presidente da UNE, José Serra defendeu o governo Jango na Rádio Nacional.
Ouça áudios do acervo da Rádio Nacional:
1º de abril
O Forte de Copacabana foi invadido por uma tropa do exército sem qualquer cerimônia.
Em apoio ao governo de Jango atuava uma cadeia de rádios na madrugada do dia 31 para o dia 1º formada pela Nacional, Mayrink Veiga, Continental e MEC.
Ouça áudios do acervo da Rádio Nacional:
1º de abril
O Ministro da Guerra, Jair Dantas, telefona para Jango.
Presidente, eu ainda me disponho a garantí-lo na presidência da República se houver da sua parte uma declaração rompendo com o Comando Geral dos Trabalhadores
Não posso abrir mão de nenhuma força que esteja me apoiando, general
Pois então, a partir de agora não sou mais o seu ministro da Guerra
O senhor está me abandonando, general?
Não presidente, o senhor é que está fazendo uma opção.
1º de abril
Dirigindo-se para o general Moraes Âncora, Jango perguntou se podia contar com ele:
“Eu fico com o senhor, presidente, mas para cair sozinho ao teu lado”
Goulart então o nomeou ministro da Guerra e o incumbiu de ir ao encontro do general Kruel para demovê-lo de continuar ao lado das tropas insurgentes.
Ainda na manhã do dia 1º, Moraes Âncora e outros generais que foram ao Palácio das Laranjeiras expor o quadro político ao presidente e sugerir que deixasse a Guanabara.
As tropas do general Mourão Filho já tomavam as ruas da Guanabara.
Aconselhado pelo general Morais Âncora, Jango deixa o Palácio das Laranjeiras
“Isso aqui está se transformando numa armadilha”
Confidenciou Jango a seu secretário de imprensa Raul Ryff.
1º de abril
14h
O almirante Aragão esperava ordens de Goulart para invadir o Palácio Guanabara e prender Lacerda.
Aragão foi convocado pelo general Moraes Âncora e recebeu a ordem de não prender Lacerda.
Lacerda, em seu bunker no Palácio da Guanabara, desafiava abertamente o governo.
“Aragão, covarde, incestuoso, deixe os seus soldados e venha decidir comigo essa parada. Quero matá-lo com o meu revólver”.
Novamente o comandante Aragão, junto a majores e capitães, procurou o presidente e pediu autorização para prender Lacerda e tomar o Palácio da Guanabara. A resposta foi outra recusa.
1º de abril
14h
Dezenas de Lacerdistas saíram de alguns carros, espancaram os jovens e incendiaram o prédio da UNE.
A Federação Nacional dos Estivadores, dos Marítimos e outras organizações sindicais foram tomadas pelas forças golpistas. O ministério do Trabalho, com sede na Guanabara foi cercado pelos bandos lacerdistas.
A Rádio Nacional, que defendia o governo Goulart, sai do ar.
1º de abril
17h
O general Artur da Costa e Silva sai do seu gabinete no Departamento de Produção e Obras e , antecipando-se a Castello Branco, entra nas dependências do Ministério da Guerra, enquanto Moraes Âncora estava em Resende. Alegando ser o general mais antigo naquele momento, nomeou-se ministro e institutiu o “Comando Supremo da Revolução”, do qual era o chefe.
1º de abril
17h45
Castello Branco sai da clandestinidade e vai para o Forte de Copacabana com todo seu estado-maior.
1º de abril
Âncora e Kruel lanchavam quando chegou a informação de que o presidente estava em Brasília para organizar a resistência. Naquele momento, o general Médici já conseguira convencer Kruel e Âncora de que o melhor a ser feito era unir forças a favor da intervenção militar.
Os dois chegam a um acordo: O I Exército se renderia e o general Costa e Silva assumiria o ministério da Guerra.
1º de abril
Uma tropa legalista resistia à chamada “guerra de saliva” que se desenvolvia no Estado do Rio: o contingente de 4 batalhões, comandado pelo general Luís Tavares Cunha Mello, que estacionara em Areal.
Em Areal, sem a tropa do 1º RI, Cunha Mello percebeu que defendia uma legalidade sem retaguarda. Muricy mandara-lhe um recado informando que “como cavalheiro” não daria o primeiro passo sem antes avisá-lo. Antes do pôr do sol o general enviou um emissário ao combatente rebelde. Queria retrair sua tropa, mas pedia aos revoltosos que só avançassem duas horas depois. Muricy deu uma hora de vantagem e começou a descer a serra.
Convencido por Odílio Denys, o general Cunha Mello, que comandava as tropas do I Exército, que incluíam o Regimento Sampaio, mudou de lado e deixou à vontade seus oficiais para fazerem o mesmo.
“Aqueles que querem aderir à revolução, tem que fazê-lo agora, porque vamos combater brigando”
Em Três Rios, já no Estado do Rio, as tropas se confraternizavam.
1º de abril
Ao chegar ao Palácio do Planalto, Goulart foi recebido por um grupo de militares do Exército e o ministro da Casa Civil, Darcy Ribeiro.
Reunido na Granja do Torto com Darcy Ribeiro, Waldir Pires, Almino Afonso, Tancredo Neves e Doutel de Andrade, o presidente pediu que fosse redigida uma declaração à população, onde afimava que lutaria “sem tréguas para defender o povo contra as arremetidas da prepotência do poder econômico” e denunciava “as forças reacionárias que atacavam as instituições democráticas e a libertação econômica da pátria”.
1º de abril
22h30
Jango abandona a Granja do Torto e voa para Porto Alegre.
No aeroporto de Brasília, Jango embarcaria num avião comercial da Varig, mas o avião estava com defeito e não pode decolar. O avião foi cedido pelo brigadeiro Francisco Teixeira, comandante da III Zona Aérea do Rio de Janeiro.
O avião seguiu para a capital gaúcha em baixa altitude e por uma rota alternativa: Mato Grosso, passando pelo Paraguai e entrando no Rio Grande do Sul pela fronteira oeste.
2 de abril
É lida no Congresso a carta redigida por Darcy Ribeiro informando que Goulart e seu ministério estavam em Porto Alegre.
2 de abril
Logo após a abertura dos trabalhos no Congresso Nacional, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vago o cargo de Presidente da República e convocou o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli a assumir o governo.
2 de abril
Nas primeiras horas da madrugada do dia 2, 6 mil soldados, liderados pelos generais Mourão e Muricy entraram na Avenida Brasil. Durante o dia, marchando pelas ruas, a tropa era aplaudida com entusiasmo.
2 de abril
4h
Jango leva cinco horas para chegar à Porto Alegre, pousando no aeroporto minutos antes das 4h.
Chegando a Porto Alegre, já de madrugada, Jango reuniu-se com Brizola, os ministros que o acompanhavam desde São Paulo e o general Ladário, que passara a comandar o III Exército.
2 de abril
8h
Jango convoca o comandante do III Exército, Ladário Telles para uma reunião que também teve a presença de quatro generais, Leonel Brizola e os ministros Wilson Fadul, Osvaldo Lima Filho e Amaury Silva.
Ladário relatou ao presidente que não tinha o controle completo das tropas e que havia muitos regimentos sublevados.
Goulart:
“Eu verifico o seguinte: que a minha permanência no governo terá que ser à custa de derramamento de sangue e eu não quero que o povo brasileiro pague esse tributo. Então eu me retiro, peço a vocês que desmobilizem que eu vou me retirar”.
2 de abril
11h45
General Floriano Machado:
“Tropas de Curitiba estão marchando sobre Porto Alegre. O senhor tem 2 horas para deixar o país se não quiser ser preso”.
Jango a bordo de um avião da Varig pertencente à Força Aérea Brasileira, voou para a Fazenda Rancho Grande, uma das suas estâncias em São Borja, onde já estavam Maria Thereza e seus filhos.
Brizola, enquanto Jango sobe no avião:
“Tu nunca mais vai voltar ao Brasil deste jeito”
2 de abril
O presidente dos EUA, Lyndon Johnson telegrafa para Mazilli e apresenta “calorosos votos de felicidade” e proclama que “as relações de amizade e cooperação entre nossos dois governos e povos representam um grande legado histórico e arma preciosa para os interesses da paz, da prosperidade e da liberdade neste hemisfério e no mundo”.
A Operação Brother Sam é desativada e o comandante da frota é instruído a camuflar a movimentação por meio de uma simulação de manobras de combate.
2 de abril
Por volta de 23h
Mensagem do subsecretário George Ball para Lincoln Gordon:
“Felicitações a você e à sua equipe pelos nervos firmes e bons conselhos durante o período crítico, e pelos excelentes relatórios sob condições de grande confusão. Boa noite e parabéns”.
3 de abril
Numa folha de caderno escolar, o presidente escreveu uma nota ao governo uruguaio pedindo asilo. O destinatário da carta era seu amigo João Mintegui, adido comercial da embaixada do Brasil em Montevidéu. O texto foi entregue ao piloto que levaria a família de Jango ao Uruguai.
Jango datou a carta de 4 de abril, mas segundo o filho de Mintegui ela foi escrita no dia 03.
"Desejo saber, embora tenha absoluta convicção de que jamais o bravo povo uruguaio e o digno Governo de um país irmão faltariam aos sentimentos e aos ideias do povo uruguaio e brasileito, se o Presidente e o digno Colegiado da república estão em condições de assegurar-me o asilo que talvez venha a solicitar ao Uruguai pela grande confiança que sempre depositei na República Oriental do Uruguai e seu povo."
Assinado João Goulart.
4 de abril
Jango chega ao Uruguai.
11 de abril
O Marechal Castello Branco toma posse como presidente
9 de abril
É declarado o Ato Institucional n° 1, que suspendeu por dez anos os direitos políticos de todos os cidadãos vistos como opositores ao regime, entre eles congressistas, militares e governadores.
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