Brasília, 55 anos, cidade em construção

A capital futurista com avenidas largas e arquitetura moderna completa 55 anos. Conhecida como um dos marcos do urbanismo no século 20, Brasília se transformou nesse pouco mais de meio século de vida, mas ainda chama a atenção pelos prédios públicos, projetados por Oscar Niemeyer, e pelos grandes espaços verdes. A Agência Brasil procurou ouvir arquitetos, urbanistas, especialistas em patrimônio e pensadores da cidade para saber que desafios se impõem a essa cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade. Para muitos entrevistados, Brasília é uma cidade viva, ainda em construção.

“Brasília é a cidade-símbolo da nossa capacidade criativa. É a maior realização do povo brasileiro. Brasília é muito ligada à ideia de poder, de centro das decisões. Mas existem pessoas aqui, do meio cultural e artístico, que querem dissociar essa Brasília da ideia de poder. Mostrar que é uma cidade que tem vida, arte, poesia, literatura. Não é só a Praça dos Três Poderes”, destaca o poeta cuiabano Nicolas Behr, radicado em Brasília desde 1974 e autor de cinco livros sobre a capital federal.

A cidade que nasceu da ousadia de Juscelino Kubitschek e do trabalho de milhares de candangos (operários vindos de todas as partes do país) cresceu e hoje tem pela frente desafios inerentes aos grandes centros urbanos. O crescimento desordenado, o transporte público ineficiente e os congestionamentos devido ao grande número de carros são alguns desses problemas.

Em 1957, no edital do concurso para a construção da capital, previa-se que o Plano Piloto (região central da cidade) deveria abrigar até 500 mil habitantes. Atualmente, o Distrito Federal é composto por 31 regiões administrativas com cerca de 2,8 milhões de habitantes. “Hoje, Brasília é a quarta metrópole brasileira. Em 55 anos, Brasília saiu do zero para quase 3 milhões de habitantes em todo o Distrito Federal. Esta é a Brasília toda. É todo o Distrito Federal”, disse Carlos Madson, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Distrito Federal.

Nicolas Behr vê a área como uma grande Brasília e as regiões administrativas como superbairros. “Defino o Plano Piloto como o centro histórico.”

Há 30 anos na capital, a jornalista amazonense Conceição Freitas, titular da coluna Crônica da Cidade, no jornal Correio Braziliense, vai além e acredita que o 1,1 milhão de pessoas que moram no Entorno do Distrito Federal, composto pelos municípios de Goiás, também podem ser consideradas brasilienses. “Elas também fazem parte da área metropolitana de Brasília, porque vieram para cá por esse desejo de participar dessa prosperidade”, destaca.

Para ela, o mais importante hoje é garantir qualidade de vida a todos. “Precisa democratizar a qualidade de vida, que não é só o Plano Piloto, os lagos [Sul e Norte]. Brasilienses somos todos nós.”

Para o poeta Nicolas Behr, os criadores de Brasília não imaginaram que a cidade ia virar a metrópole que é hoje. “Virou um polo de desenvolvimento e atração. Mas a falta de um transporte público digno é uma coisa a se pensar porque está comprometendo a qualidade de vida, a mobilidade urbana. É uma situação que o brasiliense tem que enfrentar e não enfrenta. A solução deve ser coletiva. A cidade foi criada para o carro e não para o pedestre”, constata Behr.

“Sem mobilidade urbana, sem modos de ir e vir democráticos, acessíveis, rápidos, você inviabiliza qualquer cidade”, completa Conceição.

A área cultural também merece atenção. “É uma cidade que tem uma efervescência cultural fortíssima, mas não tem base para a criação”, diz o jornalista e poeta TT Catalão que chegou à cidade em 1972. Catalão é um dos criadores do Espaço Cultural 508 sul, conhecido como Espaço Cultural Renato Russo. “Está fechado, inclusive. A ideia de quando se criou o espaço era ter um em cada cidade. Teria uma espécie de centro cultural, um espaço de convivência, que oferece equipamentos para que as pessoas façam exposições ou oficinas. Isso é paupérrimo em Brasília, muito pobre”.

Catalão acredita que a população vem criando meios para se expressar e produzir cultura. Ele ressalta também a desigualdade na distribuição de equipamentos e materiais para a produção e exibição cinematográfica na cidade, por exemplo. “Não há equipamento cultural distribuído na cidade com justiça. É uma coisa concentrada no Plano Piloto.”

E os desafios não param por aí. A cidade planejada precisa buscar um equilíbrio entre o crescimento e a preservação, acreditam especialistas. Brasília foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No mesmo ano, a cidade foi tombada pelo Distrito Federal e, em 1990, pelo órgão federal de preservação, o Iphan.

O historiador da superintendência do Iphan no DF Thiago Perpétuo conta que Brasília tem um tombamento específico que visa à manutenção de características fundamentais da cidade. Ele lembra que a capital federal é a primeira cidade modernista tombada e listada como patrimônio da humanidade. "A intenção [do tombamento] é você manter as características que distinguem esses objetos, mesmo que sejam objetos ultra complexos como cidades, manter essas características perenes, de maneira que elas possam ser fruídas por gerações vindouras.”

Hoje, a área tombada pelo governo vai além do Plano Piloto e passa também por regiões como a Candangolândia e o Cruzeiro. Mas o historiador destaca a existência de desrespeitos ao tombamento. “Um dos exemplos que talvez seja mais marcante é a insistência de alguns condomínios, blocos, de fazer ocupação irregular dos pilotis. Esse trânsito livre sob os edifícios é uma característica que distingue Brasília de todas as outras cidades do mundo”, destaca.

Os chamados “puxadinhos” nas áreas comerciais – invasão de áreas públicas feita por comerciantes locais – também chamam a atenção. “As pessoas invadem mais do que elas podem, elas descaracterizam as edificações. Então é uma luta constante para sensibilizar os proprietários para que eles se enquadrem na norma de maneira que este bem, que é um bem de todos, seja preservado.”

O superintendente do Iphan no DF, Carlos Madson, lembra que Brasília tem problemas característicos dos grandes centros urbanos e que a preservação tem que estar associada também à qualidade de vida da população. “Nossa preocupação em preservar Brasília não é só estética. É uma questão de qualidade urbana. É o que apregoa o Estatuto das Cidades. O espaço urbano tem que cumprir uma função social. Prestar serviços adequados aos seus moradores, segurança e outras séries de questões que temos que tratar. O patrimônio é um dos aspectos a se cuidar”, destaca.


Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes    
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira

A

Asas

No Plano Piloto traçado pelo urbanista Lucio Costa, as Asas Sul e Norte são compostas pelas quadras residenciais, quadras comerciais e entrequadras de lazer e diversão (onde também é possível encontrar igrejas e escolas).

A divisão entre norte e sul é feita pelo Eixo Monumental, uma grande avenida que corta a cidade.

“A setorização da cidade baseia-se na distinção entre as funções básicas do ser humano (habitar, trabalhar, circular e recrear) segundo os preceitos da arquitetura moderna”, disse o arquiteto e urbanista Ricardo Meira, que faz parte do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal.

O contador e administrador de empresas Adriano Pagy, de 42 anos, é nascido e criado em Brasília. Ele conta que seu avô paterno foi diretor-geral da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil), órgão responsável pelas obras na cidade, e chegou ao Planalto Central em 1956.

Pagy morou em quatro quadras diferentes nas Asas Norte e Sul até os 20 anos. “A Asa Norte era um verdadeiro canteiro para a molecada brincar. Desbravamos a Asa Norte, sentíamos a natureza. Já a Asa Sul era mais badalada, os grandes bares de Brasília ficavam lá”, conta. “Hoje, na Asa Sul, as pessoas são mais velhas e a Asa Norte tem um público mais jovem universitário e recém-casado porque há apartamentos menores e muitas faculdades”.

B

Bloco

Criar bairros que favorecessem os laços entre as pessoas. Essa era a intenção do urbanista Lucio Costa ao criar, em Brasília, os blocos, prédios não muito altos e com o térreo livre, sobre pilotis.

O intuito era que esses espaços abertos permitissem, por exemplo, que as crianças brincassem próximas dos prédios e dos pais.

Aos 42 anos, o gestor de Tecnologia da Informação Pedro Bamberg conta que teve uma infância muito livre “debaixo do bloco”. Nascido no Rio de Janeiro, ele veio para Brasília em 1979 quando o pai, funcionário público, foi transferido para a capital federal. Ele conta que morou no mesmo prédio na Asa Norte por toda juventude.

“Descer para brincar debaixo do bloco é algo muito brasiliense. Tenho grandes amigos, até hoje, que conheci embaixo do bloco”, recorda Bamberg contabilizando uma turma de cerca de 20 amigos vindos de prédios vizinhos. “Hoje, muita coisa mudou. Com a insegurança urbana e a tecnologia, as crianças estão mais dentro de casa”, lamenta.

C

Cobogó

Constituído de uma parede ou um trecho de parede feita em bloco vazados, o cobogó é uma estrutura comum nos prédios residenciais de Brasília. No lugar de tijolos, emprega-se cerâmica, cimento ou concreto. O nome cobogó é formado pelas iniciais de seus criadores: Amadeu Oliveira Coimbra (Co), Ernest August Boeckmann (Bo) e Antônio de Góis (Go), de Pernambuco.

“Demorei a entender o que era cobogó, demorei inclusive a gostar porque, para mim, era só um furinho na parede. Brasília é um enigma que, à medida que você tenta decifrar, e vai decifrando, você vai se apaixonando. O cobogó foi uma das formas que me fez descobrir os encantos de Brasília”, conta a jornalista amazonense Conceição Freitas, há 30 anos na capital.

Segundo ela, o cobogó é uma versão moderna de uma técnica árabe de ventilação, feita em madeira. “Eles atualizaram com concreto para trazer ventilação e, ao mesmo tempo, dar privacidade para quem está do lado de dentro. E acaba funcionando esteticamente. O cobogó está na moda.”

D

Dom Bosco

Em 1833, Dom Bosco teve um sonho sobre uma região de riquezas entre os paralelos 15° e 20°. Durante a construção da cidade, surgiu a crença de que a profecia se tratava da capital brasileira. Por isso, a homenagem ao santo que, anos depois, se tornou o segundo padroeiro da cidade, ao lado de Nossa Senhora Aparecida.

A Ermida Dom Bosco foi inaugurada em 1957 e foi o primeiro templo construído em Brasília, à beira do Lago Paranoá. A pequena construção fica em um ponto por onde passa o paralelo 15.

Em 1980, o então papa João Paulo II esteve em Brasília para abençoar uma estátua de Dom Bosco. Durante o discurso, o pontífice relembrou a relação entre o santo e a capital brasileira marcada pelo sonho. 

E

Esplanada dos Ministérios

Localizada no Eixo Monumental, a Esplanada dos Ministérios é um dos locais mais conhecidos de Brasília. Para além do burburinho dos dias de semana e das decisões tomadas no centro político do país, a Esplanada se transforma nos finais de semana e abriga um outro público, formado por turistas, moradores que andam de bicicleta, além de esportistas.

Nas tardes de sábado e domingo, jogadores de futebol americano reúnem-se no extenso gramado em frente ao Congresso Nacional para praticar o esporte. A desenvolvedora de software Raquel Araújo, 29 anos, presidente da Associação de Futebol Americano Brasília Alligators, conta que os times masculino, feminino e juvenil precisavam de um gramado com boa qualidade que comportasse até 50 pessoas por jogo. “O time é nossa família e a Esplanada é a nossa casa.”

Segundo ela, os jogadores sentem falta de uma estrutura como banheiros químicos e pontos de venda de água. “A gente já se adaptou a essa falta de estrutura, mas os turistas sofrem mais.”

F

Faixas de Pedestres

Elas estão em diferentes pontos da cidade e facilitam a travessia de quem caminha pelas ruas de Brasília. Apesar de estar presente em todas as cidades do país, a faixa de pedestres ganhou um novo status na capital federal quando, há 18 anos, uma intensa campanha começou a mudar o comportamento do brasiliense no trânsito.

“Houve uma mobilização de massa com vários órgãos governamentais e não governamentais para que a sociedade começasse a respeitar as leis e principalmente o uso das faixas”, explica a diretora de educação de trânsito do Detran-DF, Gláucia Simões.

Para garantir que Brasília continue ocupando um lugar de destaque e seja vista como exemplo para outras cidades, Gláucia aposta no investimento em educação. “A gente precisa manter esse tipo de campanha e de ações educativas para que a gente não perca esse referencial.”

As crianças, segundo ela, são parte importante desse processo. “A criança, além de aprender a como se portar no trânsito, também cobra dos pais um comportamento adequado”, explica. Para este ano, as campanhas nas escolas já começaram e a ideia é que sejam ampliadas. 

G

Gírias

“Mó legal”, para dizer que algo é muito legal, “pardal”, para se referir ao radar de trânsito e “bloco”, para um edifício. Se você é de Brasília ou vive aqui, deve ter essas expressões no seu vocabulário. Não é possível dizer que elas nasceram aqui ou que são exclusivas da capital, mas já fazem parte do modo de falar dos brasilienses. O jornalista baiano Marcelo Torres ficou tão curioso com as palavras usadas na cidade que escreveu um livro sobre o tema. “Tem o ‘xô te falar’ [deixa eu te falar], ‘xô te perguntar’. Outra coisa difundida entre os adolescentes é o ‘tipo assim’ [do tipo], o ‘véi’ [forma de tratamento entre amigos], e o ‘mó’. Esse ‘mó’, de maior, é uma coisa bem típica daqui”, explica Torres.

Outra curiosidade é o sotaque do brasiliense. Afinal, ele existe? A professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Universidade de Brasília (UnB) Stella Maris Bortoni explica que, apesar de a cidade ter  atraído muitas pessoas de outras regiões, a fala do brasiliense não é marcada por um sotaque. “Temos uma característica interessante porque a gente não percebe traços de outras regiões. Não há nada na fala, no ponto de vista da acústica fonética, que marque como de outra região. O que marca é a ausência de traços das outras regiões. Pode perceber alguma marca, mas é sutil.”

Segundo a professora, as pesquisas sobre linguística mostram que o brasiliense ainda não tem um falar próprio. “A cidade só tem 55 anos e isso leva 3, 4, 5 gerações.”

H

Hotel Palace

Projetado por Oscar Niemeyer e com painéis do artista plástico Athos Bulcão, o Brasília Palace Hotel foi fundado em 1958 pelo presidente Juscelino Kubitschek. Foi o primeiro hotel da capital federal e hospedou, segundo o governo do Distrito Federal, personalidades ilustres como a Rainha Elizabeth II da Inglaterra, o guerrilheiro Che Guevara e a ex-primeira-ministra da Índia Indira Gandhi. Foi fechado após um incêndio em 1978. Por vários anos, o esqueleto do prédio às margens do Lago Paranoá chamou a atenção dos brasilienses. Depois de restaurado e recuperado, voltou a funcionar em 2006.

“O que me encanta no hotel é que é a primeira obra de estrutura metálica feita em Brasília que, logo em seguida, foi usada para fazer os ministérios. Era uma época em que o Brasil não usava estrutura metálica em suas obras. É um projeto moderno, tem Athos Bulcão, um jardim maravilhoso que dá para o lago [Paranoá]. É de uma elegância concisa”, destaca a jornalista Conceição Freitas.

I

Igrejinha Nossa Senhora de Fátima

A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima foi a primeira capela de alvenaria inaugurada em Brasília, em 1958. Projetada por Oscar Niemeyer, foi a primeira obra na capital a contar com azulejos do artista Athos Bulcão – que revestem as paredes externas. Construída em cem dias, foi erguida para pagar uma promessa da primeira-dama Sarah Kubitschek, feita pela cura de uma de suas filhas. A capela tem o formato de um chapéu de freira.

A jornalista Bruna Presmic, 32 anos, conta que realizou um sonho ao se casar na Igrejinha em maio do ano passado. Ela estudou na Escola Classe 308 Sul, que fica atrás da capela, e morou naquela região quando pequena. “Sempre tive vontade de casar em um ponto turístico e queria que a igreja fosse pequena, intimista e bem colorida. As fotos do casamento ficaram maravilhosas. Além de ser linda, é a igreja mais presente na minha infância.”

J

K

Juscelino Kubitschek

Em 19 de setembro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek sancionou a Lei nº 2.874, que fixava os limites do futuro Distrito Federal e autorizava o governo a instituir a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

No dia 2 de outubro do mesmo ano, acompanhado de pequena comitiva, JK embarcou para o Planalto Central para conhecer o local estipulado para a construção de Brasília. Poucos dias depois dessa viagem, foi estabelecido o prazo de três anos e dez meses para a construção da nova capital, inaugurada em 21 de abril de 1960. Cerca de 60 mil candangos (trabalhadores de todo o país) vieram para trabalhar na construção da nova capital.

Para o professor do departamento de história da Universidade de Brasília Celso Silva Fonseca, JK tinha uma personalidade empreendedora o que contribuiu para a construção de Brasília em tempo recorde. “Ele pensava [de forma] macro, em uma perspectiva de média duração e era bem articulado politicamente.”

L

Lago Paranoá

Formado artificialmente pelo represamento de diferentes cursos de água, o Lago Paranoá foi construído em 1959 para aumentar a umidade das áreas próximas. Com uma área de 38 km², o lago já passou por um processo de despoluição e hoje enfrenta problemas com a ocupação irregular de sua orla.

O lago é um importante espaço de lazer para quem mora na cidade. Dono de um clube de esportes náuticos, Marcello Morrone conta que sua empresa é procurada por pessoas que querem se divertir e praticar esportes na água, como a vela e o Stand Up Paddle (SUP). Para ele, mesmo dentro dos limites da cidade, o lago proporciona um “desligamento” do corre-corre.

“Aqui, a cinco minutos da Esplanada dos Ministérios, a gente tem um ambiente com natureza totalmente preservada, com um monte de bichos, passarinhos. A gente consegue se desligar da cidade totalmente”, destaca.

Apaixonado por mergulho, o advogado Rodrigo Canalli vai pelo menos uma vez por semana ao lago. “O Rodrigo que sai do mergulho é sempre um Rodrigo renovado. A cabeça volta diferente. É quase uma experiência de meditação”, relata. Para Canalli, o lugar oferece um lazer democrático. “Perto da barragem do Paranoá, a gente percebe famílias e crianças em diversas atividades, até mesmo o banho. São tribos e grupos completamente diferentes que se misturam.”

M

Museu Nacional da República

Inaugurado em 15 de dezembro de 2006, o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República virou, em pouco tempo, um espaço de encontro do brasiliense e de quem mora na cidade. Para o poeta Nicolas Behr, o museu “é um espaço que pegou”. Ele destaca o potencial do local que abriga shows e grandes eventos na capital. Durante os finais de semana, skatistas ocupam a grande área cimentada com suas manobras.

“Só sinto falta de árvores ali. Aquele calçadão, aquela coisa árida, bem Niemeyer, podia ter árvores. Falta humanizar. Mas é um grande espaço, é perto da rodoviária, de acesso fácil. Brasília precisa mais desse tipo de espaço. Mostra que o brasiliense tem sede de encontro”, destaca o poeta.

O Museu Nacional do Conjunto Cultural da República é obra do arquiteto Oscar Niemeyer e fica localizado na Esplanada dos Ministérios. O Conjunto Cultural da República é composto pela Biblioteca e pelo Museu Nacional, idealizados por Lucio Costa e previstos desde o final da década de 1950. Com obras iniciadas em 1999, o Museu Nacional representa uma síntese arquitetônica da modernidade que compõe os monumentos da Esplanada, segundo a Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

N

Núcleo Bandeirante

Segundo o Arquivo Público do Distrito Federal, o Núcleo Bandeirante foi criado em 1956 com a chegada dos primeiros pioneiros. A região foi a primeira cidade-satélite do Distrito Federal e, naquela época, era chamada de Cidade Livre.

Aos 71 anos, Catarina do Nascimento conta que a situação financeira da família fez com que ela saísse de Anápolis (GO), em 1957, com a tia e a irmã em busca de trabalho na capital federal. “Tivemos um período aqui muito difícil, não tinha energia. Água, a gente buscava da bica. Para lavar roupa, tinha de ir no córrego. No tempo de poeira, era só poeira que cobria tudo. Na época de lama, era só lama.” Ainda assim, ela afirma que sempre gostou de morar na cidade. “Era uma época muito boa, o povo respeitava a gente, se você precisava de uma ajuda, sempre tinha gente.”

Dona Catarina viu Brasília crescer, acompanhou a construção da capital e viu também a transformação do Núcleo Bandeirante. Morou em outros lugares, mas acabou voltando para lá.

“A gente conhece todo mundo, bate papo com os vizinhos, não falta nada de comércio. Para mim, é a melhor cidade de Brasília para morar”, conta Catarina que viu os filhos crescerem na cidade. Para que o local fique ainda melhor, ela acredita que falta um pouco mais de atenção por parte dos governantes. “Não tem calçamento, tem lixo na rua, isso também depende muito do povo. Sinto que o Núcleo Bandeirante é muito desprezado pelos políticos.”

O

Oscar Niemeyer e Lucio Costa

“Nunca houve um casamento tão feliz entre urbanismo e arquitetura”, avalia o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Distrito Federal, Carlos Madson, sobre a importância de Oscar Niemeyer e Lucio Costa para construção de Brasília.

“É impossível a gente dissociar a arquitetura de Niemeyer do projeto urbanístico de Lucio Costa”, completa.

Brasília é marcada por grandes prédios públicos que levam a assinatura de Niemeyer. O Congresso Nacional, os palácios da Justiça, do Planalto, da Alvorada, os ministérios e a Catedral Metropolitana estão entre as obras mais significativas.

“Ele está seguramente entre os cinco maiores arquitetos do mundo de todos os tempos. É reconhecido internacionalmente e definiu um estilo arquitetônico. A grande contribuição do Oscar Niemeyer, além da sua arquitetura em si, é que ele conseguiu uma perfeita integração com o urbanismo de Lucio Costa”, avalia Madson.

O projeto urbanístico de Costa, que foi vencedor em 1957 do concurso para o Plano Piloto da nova capital do país, agradou pelo conceito inovador de cidade horizontalizada, na contramão do que se praticava nas grandes cidades brasileiras, segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

P

Patrimônio Cultural da Humanidade

Em 1987, aos 27 anos, Brasília recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A cidade foi o primeiro sítio urbano contemporâneo inscrito na lista de patrimônio mundial da organização.

“Brasília tem uma concepção urbanística inovadora, arrojada. Com a concepção arquitetônica do Niemeyer, esse conjunto trouxe para o plano urbanístico de Brasília os princípios do movimento moderno e deu materialidade para esses princípios coroando um processo de interiorização do país”, explica a coordenadora de Cultura da Unesco, Patrícia Reis.

Hoje, 28 anos depois, a cidade ainda vive um processo de crescimento e, para que seja preservada, a Unesco e os governos trabalham pela manutenção do patrimônio. A Unesco realiza missões de monitoramento e faz proposições.

Patrícia conta que recentemente foi assinado um acordo de cooperação entre o governo federal e o Distrito Federal para o estabelecimento de estratégias comuns para a preservação da cidade. “Essa era uma recomendação recorrente das missões de monitoramento da Unesco. Demonstrar capacidade e vontade política do governo federal e do governo do Distrito Federal de estabelecerem juntos os instrumentos de gestão do patrimônio cultural. Esse é o melhor presente que a cidade poderia ganhar nos seus 55 anos”, avalia.

Q

Quadras

O projeto urbanístico de Lucio Costa para a nova capital tinha como base a ideia de quadras, compostas por 11 edifícios de seis pavimentos sobre pilotis. Cada conjunto de quatro quadras formaria uma superquadra, unidade de vizinhança provida de equipamentos de serviços e comércio para a comunidade que vivia na região.

O arquiteto e urbanista Cristiano de Sousa Nascimento, integrante do movimento Urbanistas por Brasília, fórum de discussões com cerca de 200 profissionais em defesa do patrimônio do conjunto urbanístico, arquitetônico e paisagístico de Brasília, destaca que somente as quadras 107,108, 307 e 308 da Asa Sul formam a unidade de vizinhança planejada por Costa.

“Lucio Costa pensou a superquadra como unidade autossuficiente em que as pessoas não precisariam se deslocar de carro para fazer as coisas do dia a dia. A cada quatro quadras teria um conjunto de equipamentos públicos: escola, creche, jardim de infância, igreja, escola parque, cinema, clube”, explica Nascimento. “Essa região da 107/108, 307/308 foi a única em que a unidade de vizinhança foi realmente implantada. É importante que a região seja mantida como projeto de referência da cidade. Por uma série de motivos, esse conceito não foi repetido, por questões econômicas e de gestão, e não foi replicado para o restante da cidade.”

R

Regiões Administrativas

Ao redor do Plano Piloto, a capital de todos os brasileiros cresceu e hoje é composta de 31 regiões administrativas que abrigam cerca de 2,8 milhões de habitantes. Conhecidas popularmente por cidades-satélites, as regiões administrativas cresceram mais que a capital. “Os satélites ficaram maior do que o planeta. É como se a Lua crescesse tanto que ficasse maior do que a Terra. Taguatinga e Ceilândia, por exemplo, são bem maiores que o Plano Piloto”, avalia o poeta Nicolas Behr, que adotou Brasília há 41 anos.

Segundo o poeta, os criadores de Brasília imaginaram essas regiões para abrigar os trabalhadores que vieram construir a capital. Para ele, a exclusão já estava planejada. “No Plano Piloto ficariam os funcionários públicos, a elite, a burocracia. No entorno, os trabalhadores. Brasília virou um microcosmo do Brasil: um bolsão de riqueza cercada por um bolsão de miséria. Mas muitas cidades estão ficando mais classe média, como Águas Claras. Há mais interação humana nas regiões administrativas do que nas superquadras, onde ainda faltam mais espaços de convivência dos moradores. As cidades-satélites são mais brasileiras”, avalia.

S

Seca

O morador de Brasília já sabe: por alguns meses haverá estiagem e o clima seco tomará conta da cidade. Segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o cerrado, bioma típico da região, é marcado por um clima tropical que apresenta períodos sem chuva que duram aproximadamente cinco meses.

Quando a seca chega, a população começa a tomar cuidados. “Beber água, cuidar da pele, protetor solar, ter mais cuidado com o sol. Priorizar frutas e comidas mais leves”, diz a pedagoga e educadora ambiental Aracy Roza.

Alérgica, ela já teve problemas de saúde por conta do clima. Mas nem só de sofrimento vive a população de Brasília na seca. Aracy consegue ver a beleza do período como a cor do céu da cidade. “As cores ficam mais vivas no nascer do sol, no pôr do sol, os tons de laranja, de vermelho, rosa. É um espetáculo que a gente tem todo dia. Os ipês ficam uma poesia da natureza e da cidade”, relata.

A servidora Louise Souza diz que gosta do clima seco e lembra que, sem as chuvas, o brasiliense aproveita mais algumas atrações da cidade. “Tem essa coisa de aproveitar muito os espaços verdes que estão escondidos pela cidade, cachoeiras, córregos, rios.”

T

Tesourinhas

As tesourinhas são uma marca registrada de Brasília. Presentes nos planos de Lucio Costa, as tesourinhas – trevos em níveis diferentes – foram adaptadas para a cidade para evitar o cruzamento de vias e ajudar na circulação de veículos. De acordo com o professor de Arquitetura do século 20 do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) Rogério Andrade, as tesourinhas eram um recurso tradicionalmente usado em rodovias.

Para a adaptação das tesourinhas aos limites da cidade, o professor lembra que Lucio Costa teve influência do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. “Você vai ter as tesourinhas incorporadas pelo Lucio Costa dentro de uma cidade, para além do ambiente rodoviário, nesse contexto, baseado nas ideias de Le Corbusier, para que se evitasse o cruzamento de vias para ter uma circulação fluida.”

O arquiteto José Galbinski diz que as tesourinhas fazem um importante papel de ligação de vias na cidade. “É a função de dar acesso às superquadras e aos comércios locais a quem vem dos eixos, por exemplo. Isso funciona perfeitamente”, avalia.

U

UnB

A capital federal tinha apenas dois anos quando foi inaugurada a Universidade de Brasília (UnB), em 21 de abril de 1962. O educador Anísio Teixeira e o antropólogo Darcy Ribeiro – o primeiro reitor – foram chamados para planejar um novo modelo de universidade, destaca Isaac Roitman, professor emérito da UnB, coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. “Darcy convocou um numeroso grupo de intelectuais brasileiros para conceber essa nova universidade que modificaria o panorama universitário brasileiro.”

A UnB foi a primeira universidade do país dividida em institutos e faculdades. Os alunos tinham uma formação básica e, depois de dois anos, estudavam as disciplinas específicas de cada curso. “A UnB foi organizada como uma fundação, a fim de libertá-la da burocracia ministerial. Ela deveria reger a si própria, livre e responsavelmente, não como uma empresa, mas como um serviço público e autônomo”, diz Roitman.

Com o regime militar, a UnB enfrentou um período de perseguição a professores e estudantes. “Em 1965, uma crise de natureza ideológica fez com que a maioria dos professores se demitisse em protesto contra o desligamento de dois docentes. Durante vários anos, as aulas eram dadas por professores visitantes. No final da década de 60, foi iniciada a recuperação da universidade. No final da década de 70, a universidade já tinha uma vida autônoma no que diz respeito ao seu corpo docente”, lembra.

Atualmente, a UnB tem cerca de 36 mil alunos na graduação, 4,5 mil no mestrado, 3,3 mil no doutorado e 5 mil em cursos de especialização distribuídos em 105 cursos de graduação e 170 de pós-graduação. É composta por 26 faculdades e institutos e tem mais de 2,3 mil professores.

V

Verde

Com uma área de aproximadamente 420 hectares, o Parque da Cidade Dona Sara Kubitscheck é considerado o maior parque urbano da América Latina. Fundado em 1978, proporciona diversão gratuita para os moradores da cidade. O urbanismo é de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Já o paisagismo, de Roberto Burle Marx.

O engenheiro agrônomo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Fábio Viana conta que Burle Marx buscou manter o ecossistema do cerrado na área. “Eles mantiveram o máximo de árvores nativas possível fazendo os caminhos sem que destruíssem as árvores. Toda a concepção é baseada no estilo modernista puro do paisagista, usando bastante espelho d'água, usando plantas nativas.”

Na cidade, a arborização das quadras residenciais também foi planejada. Nascida em Brasília, mãe de uma menina e prestes a dar a luz a outra brasiliense, a cantora Cristiane Pereira teve a infância marcada pelo contato com as árvores da cidade. Além da sombra, uma das características marcantes é a presença das frutíferas nas quadras. “Eu não conheço outra cidade que tenha essa oferta”.

Para este aniversário, a cantora espera que a população de outras regiões administrativas possa ter a mesma oportunidade de quem mora no Plano Piloto. “Eu gostaria que outras crianças tivessem essa memória afetiva com as árvores no Riacho Fundo, no Recanto das Emas, no Guará, no Cruzeiro.”

W

W3

Importante avenida na década de 70, a W3 foi pensada para ser um limite dentro da cidade. “Acima da W3 teria início um cinturão verde, o green belt, que costuma envolver as cidades jardim”, explica o professor de Arquitetura do século 20 do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) Rogério Andrade.

A parte sul da avenida foi a primeira a ser construída e a ideia era que fosse composta por pomares e chácaras. Mas com a demanda por moradias, os planos mudaram logo no período de construção. “Acabou ganhando um caráter de centralidade, uma importante avenida comercial e um importante eixo de circulação na configuração definitiva do Plano Piloto”.

 

O arquiteto José Galbinski acredita que a alteração teve reflexos na vida da avenida. “Muito comprida com comércio de um lado, residências individuais do outro. Ficou um desequilíbrio. Então o comércio da Asa Sul começou a se deteriorar e, até hoje, quando se passa lá vemos inúmeras lojas fechadas”, explica o especialista sobre a parte sul da avenida.

Na parte norte da avenida, mais nova, a ideia foi um pouco diferente e o comércio ocupa os dois lados da via. O empresário Jorge de Oliveira Bezerra cresceu na região. Na década de 70 o pai abriu uma barbearia na W3 norte. Ele acredita que a vida na região mudou bastante. “Hoje em dia o trânsito que tem no domingo é muito pior que o de dia de semana naquela época”, lembra Bezerra destacando que, na juventude, fazia tudo a pé ou de bicicleta.

Desde os anos 1980 a barbearia funciona no mesmo endereço. “A gente já atende quatro gerações de clientes. A gente atende o bisavô, avô, o neto e bisneto. Tenho cliente da época do meu pai, que estão velhinhos, com 80 e tantos anos”, conta.

X

Xique-Xique

Quando saiu de Caicó, no Rio Grande do Norte, em 1971, o objetivo de Rubem Pereira era terminar os estudos na capital federal. Alguns anos depois, a saudade da terra natal apertou e ele resolveu abrir um restaurante de comida típica nordestina. “Todo mundo reclamava que não era fácil encontrar comida do Nordeste”, lembra o empresário. Para marcar ainda mais a relação com suas raízes, ele escolheu como nome da casa a palavra xique-xique, referente a um cactos.

Assim como Rubem, muitas pessoas vieram para a capital federal e trouxeram na mala os seus costumes. “Brasília é uma cidade diferenciada. Temos todas as culturas em um lugar só já que a cidade abriga gente de todos os estados”, diz Rubem cujo restaurante serve diariamente carne de sol. Para ele, depois de tantos anos, a comida nordestina já virou tradição por aqui também. “É quase uma comida típica de Brasília”, avalia.

Y

Yoga

Se engana quem pensa que viver em uma cidade grande significa não ter momentos de tranquilidade. Os espaços abertos e a paisagem podem ser aliados na hora de praticar atividades que buscam o equilíbrio do corpo. Andrea Hughes é carioca e veio para a cidade quando era adolescente. Hoje, é professora de yoga, uma prática milenar que vem atraindo os brasilienses.

Com a ideia de reunir pessoas e aproveitar os lugares oferecidos pela cidade, ela desenvolveu um projeto que reúne gente de todas as idades para a prática da yoga. “A ideia é aproveitar os espaços em Brasília, porque a gente só passa de carro e nunca parou para descer e usufruir.”

Para ela, o visual da capital é um aliado. “É incrível. Tem o sol, tem o céu, tem o pôr do sol, tem os monumentos inacreditáveis de Brasília. O meu favorito é o Teatro Nacional que tem aqueles quadrados.” Entre os locais que o grupo já se reuniu, ela destaca o Setor Militar Urbano e o gramado em frente ao Congresso Nacional. “Um dos mais inusitados foi o Memorial dos Povos Indígenas que pouquíssima gente conhece. É um lugar incrível, pessoas que nasceram em Brasília nunca tinham ido lá”, lembra.

Ela acredita que os brasilienses têm procurado investir em eventos que aproveitem mais os espaços da cidade, como os gramados e o Eixão, e garante que adotou Brasília como lar. “Não vou embora mais não, sou apaixonada por Brasília, amo esse lugar.”

Z

Zebrinha

Em 1980 foi criado o Serviço Complementar de Vizinhança como um complemento ao transporte convencional que existia na cidade. Segundo o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTRANS), para atender à população, o serviço usava micro-ônibus (vermelhos com listras brancas) e tinha passagens a preços diferenciados. Outra característica era a ausência do cobrador e a proibição de viajar em pé dentro do ônibus.

O serviço era uma opção para quem queria se deslocar entre as quadras do Plano Piloto e a Zona Central da cidade. O professor Joaquim Aragão, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), explica que a criação da linha foi uma opção ao transporte irregular que surgiu na época. “Foi uma iniciativa para legalizar os operadores autônomos. Fizeram o planejamento, mas não deram suporte para o sistema”, lembra. Segundo o professor, endividados, os pequenos operadores foram passando as linhas para outros concessionários.

E o nome zebrinha? De onde surgiu? Segundo o DFTRANS, foi a própria população que fez a escolha em um concurso cultural. No fim de 2013, o serviço deixou de existir e as linhas foram integradas ao sistema convencional. Hoje, os antigos carros listrados foram substituídos por outros micro-ônibus que fazem as mesmas linhas. Mas segundo o DFTRANS, o nome popular ainda é usado por quem vive na cidade. As tarifas são as mesmas dos ônibus convencionais e também não há mais a restrição de viajar em pé.