O empate foi o método de luta criado pelos seringueiros para impedir o desmatamento. A estratégia era baseada em formas pacíficas de resistências. A comunidade se organizava, sob a liderança do sindicato
e seguia para a área que seria desmatada pelos pecuaristas. Os extrativistas colocavam à frente dos peões e jagunços, com suas famílias, mulheres, crianças e velhos. Em um segundo momento, as lideranças
do movimento explicavam a eles que, desmatando a floresta, também estariam ameaçados. Chico Mendes acreditava que a emoção do discurso acarretaria em resultados uma vez que os peões também eram pessoas simples,
que cumpriam ordens dos patrões.
Em 1980, o movimento dos seringueiros espalhou-se por toda a região. Até aquele momento, a luta era liderada por Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia. No mesmo ano,
Pinheiro foi assassinado dentro do sindicato a mando dos fazendeiros locais, quando assistia a um programa de televisão
De março de 1976 até 1988, ano da morte de Chico Mendes, os seringueiros promoveram 45 empates. Relato do próprio Chico Mendes conta 30 derrotas e 15 vitórias dos extrativistas nos processos de tentativa de
convencimento dos peões a baixarem suas motosserras.
O empate mais tenso da história do Acre ocorreu em 14 de maio de 1988, quando policiais e jagunços preparavam-se para entrar nas comunidades de Xapuri. Chico Mendes e outros seringueiros já haviam esgotado todos
os argumentos para tentar evitar um conflito. Partiu de Marlene Mendes, prima de Chico, uma proposta inusitada: colocar as crianças e as mulheres à frente dos homens para defender a floresta da qual tiravam o
sustento e partir ao encontro da polícia e dos jagunços. Assim que os encontraram, os moradores cantaram o Hino Nacional.